Em 5 de dezembro, a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE/RNP) realizou o webinar de encerramento do Ciclo de Webinars sobre Tecnologias Quânticas na Saúde. Com o tema “Construindo pesquisa quântica em saúde: experiência, desafios e caminhos futuros”, a sessão reuniu especialistas para discutir como grupos interdisciplinares começam a estruturar, no país, aplicações reais da tecnologia quântica no setor de saúde.
O encontro contou com a participação de Felipe Fernandes Fanchini e José Adenaldo Santos Bittencourt Junior, pesquisadores do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e da Universidade Federal do ABC (UFABC), respectivamente. Ambos compartilharam experiências a...
Em 5 de dezembro, a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE/RNP) realizou o webinar de encerramento do Ciclo de Webinars sobre Tecnologias Quânticas na Saúde. Com o tema “Construindo pesquisa quântica em saúde: experiência, desafios e caminhos futuros”, a sessão reuniu especialistas para discutir como grupos interdisciplinares começam a estruturar, no país, aplicações reais da tecnologia quântica no setor de saúde.
O encontro contou com a participação de Felipe Fernandes Fanchini e José Adenaldo Santos Bittencourt Junior, pesquisadores do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e da Universidade Federal do ABC (UFABC), respectivamente. Ambos compartilharam experiências acumuladas na criação e coordenação de equipes dedicadas a computação quântica, sensores quânticos e aplicações avançadas em ciência de dados.
A importância de preparar o ecossistema
Durante a abertura, a o especialista em Saúde Digital da RNP, Paulo Lopes, ressaltou que o ciclo de quatro webinars buscou antecipar desafios e oportunidades, evitando que o país repita cenários em que a adoção tecnológica ocorre de forma tardia. Ao longo do ano, os encontros promoveram debates sobre computação quântica, sensores, maturidade tecnológica e a necessidade de equipes multidisciplinares.
No webinar de encerramento, o foco foi entender como construir grupos de pesquisa sólidos e conectados às demandas reais da saúde, desde a formação de profissionais até estratégias de financiamento.
Estruturação de grupos de pesquisa: experiência prática
Os palestrantes destacaram que a criação de um grupo de pesquisa em tecnologias quânticas exige planejamento de longo prazo, visão estratégica e integração entre diferentes especialidades. Para Fanchini, o ponto de partida mais acessível para instituições de saúde é a área de ciência de dados.
Segundo o pesquisador, equipes já dedicadas a analytics e aprendizado de máquina conseguem migrar mais facilmente para modelos híbridos, nos quais componentes quânticos substituem etapas específicas de algoritmos clássicos.
A presença de profissionais com formação em física foi apontada como essencial para facilitar o entendimento dos princípios quânticos e evitar desalinhamentos conceituais. Ao mesmo tempo, os pesquisadores reforçaram a necessidade de capacitar médicos, gestores e técnicos, criando uma linguagem comum entre os envolvidos.
Aplicações, limites e maturidade tecnológica
Os debatedores enfatizaram que a tecnologia quântica ainda está em estágios iniciais e não deve ser imaginada como solução imediata. A expectativa de retorno rápido pode comprometer iniciativas promissoras.
Fanchini e Adenaldo reforçaram que soluções aplicáveis em saúde exigem anos de pesquisa, testes e validações, e que a maturidade tecnológica precisa ser bem compreendida para evitar investimentos equivocados.
Startups, universidades e financiamento
Outro tópico central foi a necessidade de sinergia entre universidades, hospitais, indústria e startups. Os especialistas observaram que o Brasil já conta com recursos humanos qualificados em computação e física quântica, mas ainda precisa avançar na disponibilização de infraestrutura e no amadurecimento do ecossistema de inovação.
Também foram discutidos desafios de financiamento e os chamados “vales” entre a pesquisa básica e a transformação de protótipos em produtos. Para as instituições de saúde, essa lacuna é mais sensível devido à natureza regulatória e ao contexto de prioridades imediatas.
Apesar disso, os especialistas destacaram que o desenvolvimento de tecnologias quânticas é diretamente ligado à soberania científica e ao futuro da segurança da informação, tema que impacta diretamente o setor de saúde, especialmente na era da LGPD, IA e interoperabilidade.
Perspectivas para o futuro
Ao final da sessão, os pesquisadores reforçaram que o momento é propício para que instituições brasileiras se coloquem em prontidão quântica: formando equipes, consolidando linhas de pesquisa e preparando o ambiente para receber tecnologias que devem impactar o cuidado, o diagnóstico e a gestão em saúde nos próximos anos.
O especialista em Saúde Digital da RNP. Paulo Lopes, defendeu que a criação de iniciativas estruturantes, inspiradas em experiências internacionais e adaptadas à realidade brasileira, é fundamental para que o país avance de forma consistente. “O ciclo de webinars deve orientar novos passos em 2026, com propostas de programas permanentes, maior articulação entre redes acadêmicas e expansão das parcerias regionais”.
O ciclo de webinars da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) foi realizado em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein, a Universidade Federal do ABC (UFABC) e a RedClara.
Assista à gravação do webinar: https://www.youtube.com/watch?v=uE-6qbttgRU
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